29 de outubro de 2019
Legislativo abre espaço para debate sobre comunidades terapêuticas
Legislativo abre espaço para debate sobre comunidades terapêuticas
Com apoio do mandato do vereador Luiz Fernando Alves de Almeida (PSDB), a Câmara Municipal de Arujá abriu espaço para organização do 1º Fórum Público de Apresentação e Discussão da Rede de Atenção Psicossocial e Comunidades Terapêuticas do Alto Tietê. O objetivo é discutir uma política regional de atendimento a dependentes químicos por meio do fortalecimento da rede, integração das secretarias de Saúde e Assistência Social dos municípios e a ampliação do diálogo e da troca de experiências entre os profissionais da área.
O prefeito de Arujá, José Luiz Monteiro (MDB), médico neurologista, prestigiou o evento. Ele ressaltou a importância do tema: “Quem não conhece alguém que está vivendo esta situação?”, questionou ao complementar: “A complexidade do ser humano o faz suscetível ao uso de substâncias. Temos de lutar diariamente contra essa onda negativa que traz a morte como solução final”.
Arujá é sede de uma comunidade terapêutica, coordenada pelo Instituto Bauman, também responsável pelo programa Recomeço – iniciativa do governo estadual que disponibiliza atualmente 1335 vagas para dependentes químicos em 67 instituições espalhadas pelos municípios paulistas.
“O Legislativo está preocupado com esta questão e inclusive direcionou recursos do orçamento municipal para instalação de um Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (Caps AD) em Arujá”, pontuou Luiz Fernando.
Secretária de Saúde de Arujá, Carmen Pellegrino, ressaltou a mudança de percepção construída nos últimos anos em relação à saúde mental. “É preciso adotar uma postura de reflexão sobre as condições psicológicas das pessoas e discutir política pública”, defendeu.
Rede
A rede atenção psicossocial do Alto Tietê é formada atualmente por 31 Centros de Atenção Psicossocial (Caps), 7 Centros de Referência Especializado em Assistência Social (Creas), 2 Centros de Referência para Pessoas em Situação de Rua (Centro POP) e 3 Centros-Dia do Idoso, e informou o psicólogo e diretor da Diretoria Regional de Assistência e Desenvolvimento Social (Drads) José Rezende Filho – órgão do governo do Estado responsável pelo monitoramento das ações socioassistenciais em dez municípios da região. Segundo ele, há um número “respeitável” de moradores de rua e dependentes químicos nas cidades e o problema “não é exclusivo da Assistência Social”, ainda que a dependência química seja uma área de atuação da pasta.
A intersetorialidade do tratamento da dependência química foi um dos temas tratados no Fórum, além da configuração e do papel das comunidades terapêuticas na recuperação do indivíduo.
Mestre e Doutor em Saúde Pública, Pablo Andrés Kurlander Perrone foi um dos palestrantes no evento e destacou a mudança no conceito de saúde mental, a partir da Reforma Psiquiátrica, e como esta resultou na criação das comunidades terapêuticas. Ele é gestor geral da Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas (Febract). “A reforma psiquiátrica acabou com práticas como o eletrochoque, muito comum no modelo manicomial”, explicou ao admitir que, depois de décadas de uso de métodos considerados violentos no tratamento da dependência química, ainda há muita desconfiança e confusão sobre o trabalho das comunidades.
Eliana Borges, especialista em Desenvolvimento Social e diretora da coordenadoria estadual de Políticas sobre Drogas do governo estadual esclareceu que o Programa Recomeço determina os critérios de inserção individual na comunidade terapêutica. “O usuário deve desejar ser acolhido, pois o Estado não paga por internação compulsória; ele precisa estar com quadro clínico estabilizado, passar por avaliação médica e aí ser encaminhado”, esclareceu, reforçando a necessidade de o indivíduo ser, em um primeiro momento, atendido pela rede municipal de forma multidisciplinar, envolvendo Saúde, Assistência Social e Desenvolvimento Econômico.
Pelo Programa Recomeço a pessoa pode ficar internada até seis meses, podendo esse tempo ser prorrogado por mais três. “A dependência química é prioritariamente tratada na saúde e é um trabalho de corresponsabilidade. Antes de encaminhar alguém para uma comunidade terapêutica, o município precisa ter um diagnóstico, identificar os equipamentos disponíveis e discutir sua política sobre drogas”, explicou Eliane.
Também prestigiaram o evento a secretária municipal de Assistência Social, Maria Luzia Salles Couto, a presidente do Instituto Bauman Roseli Moreira Sousa Silva; a psicóloga Patrícia Moreira dos Santos, representante técnica do Instituto Bauman, e os vereadores Cristiane Araújo Pedro (PSD), a Profª Cris do Barreto, Rafael Santos Laranjeira (PSB) e Edvaldo de Oliveira Paula (PSC), Castelo Alemão.
Câmara Municipal de Arujá
Assessoria de Comunicação
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(11) 4652-7015
Publicado em 29/10/2019
Texto: Silmara Helena
Fotos: Imprensa/CMA
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