10 de agosto de 2018
Sinal amarelo: ‘sucessivos erros’ agravam crise entre Câmara e governo José Luiz
Sinal amarelo: ‘sucessivos erros’ agravam crise entre Câmara e governo José Luiz
O esvaziamento de apoio parlamentar ao governo do prefeito José Luiz Monteiro (MDB) ganhou mais um capítulo na Sessão Ordinária de quarta-feira (08/08). Desta vez, o mote para a escalada nas críticas à gestão emedebista foram os diversos vetos às emendas dos vereadores à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2019 e supostas ilegalidades em sua publicação, além da insatisfação com parte do secretariado municipal.
Na tribuna, durante a Palavra Livre, o presidente da Casa de Leis Abel Franco Larini (PR), o Abelzinho, revelou seu descontentamento com a inércia do atual governo. Ele recomendou aos secretários municipais que parassem de “dar desculpas” atribuindo seus erros à gestão anterior. “Passado um ano e oito meses da eleição, acredito que cada um deva assumir suas responsabilidades”, disse.
Ainda em tom crítico, Abelzinho destacou ter apoiado - até agora - a administração municipal por acreditar no trabalho e vontade do prefeito José Luiz Monteiro (MDB) de “fazer as coisas andarem”, o que, infelizmente, não está ocorrendo, segundo ele.
Num gesto insólito, Abelzinho deixou a coordenação dos trabalhos sob o comando do vice-presidente Marcelo José de Oliveira (PRB), o Dr. Marcelo Oliveira, para se manifestar na tribuna: “A caneta é do prefeito. É dele a responsabilidade por gerir os recursos públicos da cidade até 31 de dezembro de 2020. Falta colocar a mão na massa, mostrar a que veio”.
Debandada
Mesmo parlamentares de discurso moderado e conciliador se exasperaram com o Poder Executivo. Foi o caso de Gabriel dos Santos (PSD), que disse estar avaliando se mantém seu apoio à administração municipal. Na tribuna, discursou em tom exaltado apelando, em diversas ocasiões, para que o chefe do Executivo “acordasse”.
“Eu disse pessoalmente ao prefeito, que é meu amigo, que lesse os documentos antes de assinar. Teve documento de veto [a emenda parlamentar] com erros grotescos, faltando palavra, faltando letra”, salientou o vereador. “Chama na responsabilidade esse pessoal que está aí, prefeito! Estou perdendo a paciência”, alertou em mensagem endereçada ao chamado “núcleo duro”.
Já o vereador Luiz Fernando Alves de Almeida (PSDB) rechaçou as justificativas do Executivo de vetar, indiscriminadamente, emendas impositivas à LDO 2019 aprovadas pelos vereadores. O parlamentar ressaltou que as medidas não implicavam, de forma alguma, em aumento de despesa para o Executivo como foi justificado, uma vez que já estão previstas no orçamento municipal. “Não se pode confundir emendas impositivas com emendas comuns”, salientou.
Ainda sobre os vetos, o parlamentar se disse aborrecido com a justificativa de falta de previsão das medidas no Plano Plurianual (PPA). Ele avalia que o PPA não é uma peça imutável e diagnosticou: “O que ocorre é uma completa ausência de comunicação e de gestão em Arujá”.
Crise
O agravamento na relação entre os poderes Legislativo e Executivo ocorre uma semana após a Prefeitura perder seu interlocutor na Casa de Leis, com a saída do vereador Edvaldo de Oliveira Paula (PSC), o Castelo Alemão, do posto de liderança do governo.
Ocorre ainda na mesma Sessão em que vereadores mencionaram a possibilidade de instalação de uma Comissão Processante na Câmara contra o prefeito José Luiz, em vista de uma suposta ilegalidade na publicação da LDO 2019, conforme alertou o vereador Renato Bispo Caroba (PT).
“Novamente, o chefe do Executivo descumpriu a Lei Orgânica do município e publicou a LDO de forma diversa ao autógrafo enviado pela Câmara”, alertou o petista. Segundo ele, a publicação incluiu o artigo 36, que fora alvo de emenda supressiva do Legislativo. O parlamentar anunciou que irá “tomar as medidas cabíveis”. “Espero que, dessa vez, esta Casa de Leis faça valer o respeito que ela merece”.
Em vista da possível irregularidade, o vereador Rogério Gonçalves Pereira (PSD), o Rogério da Padaria, anunciou que apoiará a formação de uma eventual Comissão Processante na Câmara. “Eu assumo um compromisso de que se vier nesses moldes para cá, terei imenso prazer em aprovar”, disse o parlamentar, que ainda apelou aos demais para que seguissem seu exemplo.
O vereador Rafael Santos Laranjeira (PSB) também adiantou apoio à medida. “Teremos uma nova oportunidade de demonstrar os erros e desmandos que essa Prefeitura comete com essa Casa de Leis. Serei favorável”. Laranjeira anunciou há alguns meses sua saída da base de apoio a José Luiz.
Recado direto
Antes de encerrar a 64ª Sessão Ordinária, Abelzinho ainda destacou que, no ano passado, o deputado federal Márcio Alvino (PR) destinou ao município uma emenda no valor de R$ 100 mil, a qual o prefeito havia se comprometido a utilizar na compra de um veículo adaptado para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Arujá. No entanto, ainda segundo o Presidente, embora o recurso tenha chegado aos cofres municipais, a administração segue inerte quanto à licitação do automóvel.
“Isso é uma coisa que nos entristece muito, pois a APAE faz um trabalho maravilhoso pela cidade e aguarda, até agora, um carro que já poderia estar disponível”, disse. Ele destacou ainda que o mesmo deputado garantiu a destinação de outros R$ 500 mil à Saúde municipal sob a ressalva de que a Câmara pressionasse o prefeito a dar a correta destinação à verba.
Abelzinho ainda estima que, ao final da gestão anterior, o município tinha R$ 27 milhões em caixa e cerca de R$ 13 milhões de restos a pagar. “Numa conta básica, tínhamos em caixa cerca de R$ 14 milhões que poderiam ser investidos na cidade ou empregados nas políticas públicas”, destacou. “Não dá mais para os secretários ficarem dando desculpas, pondo culpa na gestão anterior”, insistiu.
Câmara Municipal de Arujá
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Texto: Renan Xavier
Fotos: Imprensa/CMA
Publicado em 09/08/2018
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